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sábado, 28 de agosto de 2010

O jornalismo de cuiabá em poucos tópicos

O pensamento

Há aquele mais afobado que pode sair por ai dizendo que "jornalismo é o mesmo em qualquer lugar". Deparei-me com um senhor fotógrafo do Jornal Folha do Estado(MT) outro dia que diante da simples pergunta se a PM ligava para a redação em Cuiabá no caso de uma ocorrência, me alvejou pela resposta que abriu o texto.
Sem sombra de dúvidas tive que contar que há mais diferenças em relação ao jornalismo de um Estado para o outro do que há entre os "céus e a terra". Por se tratar de locais com perspectivas tais quais população, problemas, política, economia e principalmente cultura diferentes, o simples fato da mudança de Estado acarreta também muita mudança no jornalismo dentre outras coisas. Percebi inúmeras em visitas às redações cuiabanas de que o número de jornalistas que não são de MT é notável e o curioso é que normalmente estão aglutinados nos cargos de chefia.


Da redação


Muita gente pode conhecer esse singelo "Da Redação" como um jornalista sem diploma que ainda não tem direto de escrever no jornal e assinar o nome. Bom, pra começo de conversa não existe mais diploma e depois, o estagiário que escreveu isso já deve saber bem mais de que alguém que não é jornalista. Em outras regiões, esse 'singelo' nome se refere ao próprio jornalista que não sei por que cargas d´água coloca no 'abre' da página sua assinatura e nas demais matérias 'Da Redação'.
Mais uma pergunta sem explicação nos meandros do jornalismo cuiabano.


Pauta


Esse tópico entra também as redações de TV que subitamente sobem pautas, tiram, derrubam e tudo o mais sem um padrão pré-estabelecido(ou pelo menos não é o mesmo do interior de SP). Você deve ter ficado certamente estarrecido ao ouvir isto. Mas, eu explico.
O repórter às sete da manhã vai as ruas com três pautas na mão, uma de esporte, outra de economia e uma pra fechar com chave de ouro de cidades. Nenhuma delas é recomendada pelo diretor de jornalismo e tampouco é carta branca da empresa, ou seja, jába. Tá ok. O camarado começa com esporte, termina rapidinho. Passa pela economia num pancha de um edifício empresarial, demora um pouco, mas, não muito e corre pra próxima quando bem na hora de fazer a de cidades(falta de água no bairro do zé), surge uma ocorrência polícial.
Naturalmente que eles correm pra lá. O caso é grave e tem notícias de várias vítimas. Esse seria o normal.
O impensado é ver que nessa última matéria fria(congelada), o superior do caboclo não deixa o repórter que em bom tom, se deu ao luxo de fazer o trabalho do produtor na rua e avisá-lo; fazer a dita reportagem. Fica com um: "Só da uma pincelada".
Conclusão, o ritmo alucinado com 'pouca coisa' nas redações interioranas do Estado de SP, aqui, se tratando de uma capital, não é visto. O fato é a notícia pega NA HORA. Para isso existem equipes direto nas ruas. Gastando muita granda em combustível. Principalmente para o jornal policial que passa às 11 horas do horário de Cuiabá e 12 horas no horário de Brasilia. Depois, não tem 'suíte' e muito menos um 'reap' do caso(no dia seguinte).
Ele(o fato) vai se atualizando a medida que as coisas vão acontecendo. Em outras palavras, o produtor não procura saber incisivamente o que está acontecendo.
No impresso é normal até por que a TV dá o grito e o jornal dá o "fecha da matéria".

Faculdades


Em conversa informal com jornalistas mato-grossenses, há na cartilha escolar universitária de que o jornalista deve ser mais do que um colhedor de informações. Ele tem que ser opinador e justificar os anseios da população. Não há imparcialidade por aqui.
Todos os comentários são destinados aos seus respectivos receptores de acordo com o 'timão' que lhes foi dado, só muda o "tempero" ou o "tom da voz".
Postura fatalmente contestada em algumas redações. Em jornalismo existem duas verdades, pois existem dois lados. Alguns especialistas na área afirmam ter três verdades sobre o mesmo fato. O do acusado, do réu e da testemunha. Ao meu ver, para isso que existem as curtinhas, elas tem esse papel de apimentar. Não a matéria toda.

A imprensa palpitando sobre os rumos da política, por exemplo, obrigam os diginíssimos parlamentares a se explicarem ao povo constantemente e se manterem impolútos no cargo ao qual ocupam. Concordemente o terceiro lado, o da Testemunha não nescessariamente presente em todos os casos opta por duas vertentes: a de falar ou a de se manter neutro.
Um exemplo disse se mostra quando o filho de um poderoso dono de empresa de comunicação se envolve em um escândalo de estupro, drogas e agressão. A empresa do pai do rapaz nada diz, o crime não é de conhecimento de todos e a imagem/credibilidade da impresa é posta à prova sobre esse tocante. Na mesma hora, a concorrente da empresa dá o caso em manchete. A concorrente foi neste caso a Testemunha, o terceiro prisma do mesmo caso.
O que se nota em tudo isso. Imprensa opinativa pode facilmente virar empresa parcialista.

Medo

Fico pensando como os alunos do curso de comunicação devem se sentir ao ouvir e conhecer isso na prática. O governador do Estado mantem relação estreita com um jornal da capital. Ele literalmente leva o piano nas costas. Eles são proibidos de falar mal do 'patrão' estatal.
Isso me leva a pensar numa constante que me disseram em relação a jornalistas que de manhã servem e zelam pelo sério, certo e indubitável e a tarde rasgam elogios e sorrisos no melhor estilo "papagaio de pirata" a políticos.

Jornada Dupla

E por falar nisso, observe a minuta seguinte: o cara trabalha na tv pela manhã, escreve sobre o político tal a tarde e é assessor da prefeitura no horário vago.
Jornalismo paga-se mal. Tem dessas coisas. E quem paga bem quer exclusividade(GLOBO, por isso é GLOBO). Quem não paga bem não quer saber o que seu funcionário está fazendo contanto que não atrapalhe o andamento da empresa. Brecha fácil para usar do poder da mídia em usufruto próprio.
Não digo que todos fazem isso sendo que várias pessoas e sociedades vivem assim, mas que num momento ou outro isso pode acontecer. Isso é real e assustador.

Hasta la victoria muchachos!

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